MOACIR BOGO : “CAUSOS” DE VINHOS, LICORES E ITALIANIDADE

21 de janeiro de 2024 às 21:28

 

Marquei com Moacir um bate-papo na Piazza Italia. Março ou abril de 2002. Queria criar uma confraria de vinhos, convida-lo  a participar e avaliar o local para os encontros. Tinha assumido a representação dos vinhos/espumantes da Valduga, deixando para trás  o tempo de executivo.

Ficou muito animado  com a ideia e juntos analisamos o espaço do restaurante Milano. Batemos martelo.Lugar ótimo. No lado havia um espaço também muito aconchegante da família Borgonovo, com  mamma Olga nas caçarolas e o marido Adilson no salão. Conceito de pratos  rústicos italianos (fortaia e polenta a campagnola eram meus preferidos) .Lugar  aconchegante, aliás como é até hoje  na Duque de Caxias.

Acho que ele estava a frente de seu tempo com o conceito da Piazza Italia, pelo menos para Joinville.

Propôs fazer  parte das degustações/jantares mensais da CAVES ,mas não seria um membro permanente .

Sugeriu que falasse também com o Mário Boehm (in memoriam) que  já tinha uma confraria em Joinville, a Haja Vinhos.

Fui ao Mario  naquele casarão da JK  e não “deu liga”, pois ele queria só homens e já com conhecimento de vinhos ( Alexandre, mais tarde brinquei várias vezes com seu pai por isso, rsrsrs) .Nossa ideia era reunir casais de amigos para aprimoramento no vinho. Eram outros  tempos, o próprio João Valduga me disse que a ideia  não ia dar certo. Hoje minha mulher  e amigas   continuam gostando muito de vinho.

Assim  nasceu a CAVES em 2002  na Piazza Itália que está firme e forte há  22 anos com vinho, gastronomia e amizade  com cerca de 20/24 integrantes.

Os primeiros 6 a 7 encontros foram no Milano e depois saíamos  para prestigiar outros lugares mas sempre a gente acabava  retornando após “puxões de orelha” do Moacir, rsrsrs.A Piazza Itália era nosso lugar preferido.

Convivi com Moacir  mais na década de 90 até cerca de 2010, sempre dentro da comunidade italiana que  regia com maestria, liderança e carisma natos.

No final dos anos 80  fui a trabalho na Italia.Após, Odete foi me encontrar em Milão e fomos para  o Veneto e Trento para uns dias de férias.

Moacir  me deu várias dicas ali do Norte da Itália e inclusive fomos jantar em restaurante de  parente dele em Belluno, não muito distante da Vazzola de meus nonos.

 A Associazione  Vêneta na Anita num imóvel do Moacir onde depois seria a Piazza Itália  era um dos nossos pontos de encontro na década de 90.

Sob a sua batuta  em 95 surgiu o Círculo Italiano di Joinville. Lembro que nos reunimos em cerca de 10 pessoas  e assinamos a ata de fundação, para atender aos trâmites jurídicos iniciais.Venetos,Trentinos e de outras regiões foram contemplados no mesmo guarda-chuva.Quem conhece a história da unificação da Itália que durou até 1870 sabe que precisava  de muita competência do Moacir  para  construir esta união….

No início deste século veio a inauguração da sede própria do Círculo . Ali mostrou toda a sua capacidade de aglutinar e motivar pessoas, do empresariado a comunidade italiana de Joinville.Foi o presidente por 14 anos seguidos.

Fizemos mensalmente muita festa    regada  a vinho e polenta, que se estende até hoje.

Entre os encontros inesquecíveis  ressalto o do “maiale”(porco),cuja festa  ele  orquestrava.

Era um dia inteiro para matar o porco, processar as carnes,fazer linguiça,etc. Um batalhão de gente trabalhando,muita  comida com a carne do porco ( atenção para o ponto do torresmo!), bebida,mora,bocha,musica…..

Outra festa memorável foi no salão paroquial de  Ribeirão Café em Rio do Oeste, onde ele nasceu ( eu nasci nas proximidades, mas já em Laurentino). Era a comemoração de  seus 50 anos, com embutidos pendurados pelo teto,  música,comida,bebida e muita disputa de mora.

Era lindo ver aquelas pessoas  todas irmanadas neste jogo, do  colono das arrozeiras ao  empresario. Foi o  grande incentivador  da mora na  comunidade italiana.

Fomos na festa num  ônibus da Gidion cheio de seus amigos.Lembro-me bem do Tião Cabeleireiro que também estava lá  (cortava o cabelo de todos!) .

Fui na sacristia da igrejinha e catei uma caixa de velas vazia (ou será que tirei as velas da caixa?) e usei como colchão debaixo de uma árvore para descansar após o almoço. E o Tião literalmente botou fogo no meu colchão para que acordasse! rsrsrs.

Conto aqui alguns “causos” só para relembrar como estes tempos foram bons.

 Ele era o grande maestro da italianidade : idealizador, criativo,entusiasta e apaixonado por tudo que fazia.

A Vin Vêneto “raiz” dos anos iniciais era espetacular e ali sempre a De Marseille  montava stand para divulgar os  vinhos da Valduga e dos importados, lado a lado com a  San  Michele  do Silnei de Rodeio ( hoje San Michelle faz belos vinhos finos, além daqueles vinhos de mesa de outrora).

Havia um ótimo grupo musical já no Círculo. Mas Moacir sempre falava que faltava um coral .

Assim, criamos e participamos minha esposa e eu com amigos do coral Mazzollin di Fiori.A gente cantava nos muitos eventos italianos de Joinville e região. Tinha uma  vaquinha para ajudar  a pagar o Catafesta (gaiteiro), o Sérgio (Violão) e o Moisés (maestro).

Cantamos com este coral na Piazza a quatro vozes na inauguração da estátua da Anita Garibaldi, quando o Bogo trouxe o Adílcio Cadorin,  historiador, escritor e ex prefeito de Laguna, que acabara de lançar o livro sobre a Anita, da qual era especialista.

Vale também destacar que desenvolvi a carta  de vinhos   nacionais e importados para os restaurantes da Piazza Itália e tudo o que girava em torno do vinho. Depois a  sua filha Nicole se formou  sommelière de vinhos e assumir  a área .

Ao  longo da convivência no Círculo e na Piazza eu tentei apresentar ao Moacir uvas e estilos de vinhos para seu consumo pessoal, mas  nunca emplaquei um por muito tempo. Fui de Pinot Noir,Merlot,Carmenère, Tannat,depois tentei uns  italianos ….mas nunca cheguei lá, para dizer “é este”.

Na verdade eram mais vinhos  para o restaurante ao invés de vinhos tops para seu consumo. 

Acho  que devia ter apresentado os grandes Amarones do  Vêneto ( talvez um Ca’La Bionda?) com uvas passificadas ou mesmo um Primitivo di Manduria.

Nos últimos 15 anos, ele esteve muito envolvido com seus empreendimentos e tive pouco contato.

Numa ocasião recente fui com Odete e amigos ao Skyglass de Canela (terra do meu amigo Humberto Heidrich, dono da La Charbonnade que a De Marseille representa aqui e o Bogo também conhecia la).

Enviei um áudio ao Moacir elogiando o Museu do Ferro de Passar anexo. Na Piazza em Joinville era uma exposição de objetos físicos.Em Canela foi feito muito profissional e detalhando toda a história desde os primordios da humanidade. O ferro de passar permeia toda a evolução da humanidade. Se você for lá, não deixe de ir neste museu, cria do Moacir. E se der tempo,vá no Skyglass,rsrsrs.

Aquele ferro a brasas da minha infância estava la. Com ele minha nonna Teresa fazia um balé  no ar com os braços abertos para acelerar as brasas incandescentes….

E aí  Moacir me perguntou no áudio como foi a experiência da altura. Falei que gostei mas não eram para mim aquelas cadeirinhas embaixo da plataforma  que ele inventou,com as pernas penduradas no penhasco.Não sei se foi empatia com meu medo, mas ele disse que também não ia….rsrsrs.

No verão passado ele me presenteou com um belo vinho italiano DOC  Primitivo de Manduria da Puglia,Itália e eu retribui com um outro do mesmo calibre de outro produtor. É um vinho de muita qualidade, mas para gostos específicos de pessoas.Tem  muita complexidade e robustez, fruta bem madura,baixa acidez, muita maciez, redondo e com uma leve pitada de açúcar no final de boca. 

Só   tinha apresentado a ele vinhos secos e com certa dose de acidez, com taninos pouco amaciados.

Falou-me que este era o vinho de plantão agora, que sempre tomava com amigos.

 Falhei ao não  detectar este  seu paladar na época.…Devia ter analisado seu passado histórico com licores e aperitivos.

 Numa ocasião na década de 90 fomos convidados para um  jantar na sua casa (numa elevação  próxima da estação de trem) , preparado pelo Martinho (do lado da prefeitura velha) .  Além da comida, o outro  ponto alto da noite foram  os licores.Ele tinha uma incrível coleção deles.Mas o que a gente mesmo provou muito foi o  Sambuca que ele fazia com todo o ritual, colocando encima grãos de café, flambava com uma bela labareda, liberando assim o aroma e sabor do café. Atenção,os grãos do café eram em números ímpares, como manda a tradição .

Alias,  tudo por trás das coisas que ele apreciava tinha uma  historinha…Era um precursor do “storytelling” de hoje,rsrsrs.

Noutro ocasião já mais recente ele me convidou para provar umas amostras de um aperitivo  que ele estava desenvolvendo com o Silnei da San Michele. Dei lá meu pitaco,  acho que sugeri que devia ser com mais amargor pelo meu gosto.

Eu gostava mesmo era do digestivo  Mayerle Boonekamp que ficava ali na Inacio Bastos  que comprava de  caixa direto com o proprietário.Fiz alguma amizade com ele que numa Vin Vêneto da Antártica me emprestou 6 barricas de carvalho para decoração do nosso stand de vinhos.Ele já não usava mais as barricas para fazer o digestivo. 

Acho que o Moacir também andou rondando este digestivo, mas o dono trancava tudo a sete chaves,rsrsrs.

Deixei aqui registrado alguns  bons momentos dos anos que convivemos  com o Moacir no entorno do Círculo Italiano e da  Piazza Itália.

Sem abordar as outras facetas do Moacir, seja na  cultura,na  filantropia  e sobretudo no empreendedorismo.

Suas realizações ficarão para sempre conosco.

 Os frutos de boas sementes permanecem e florescem.

EM BUSCA DOS AROMAS PERDIDOS

24 de dezembro de 2023 às 10:50

Neste início de ano não vou falar de vinhos e espumantes.Como nesta época estamos sempre a procura de novas propostas para o país e para nós mesmos ,vou propor a você uma busca por mais AROMAS na comida e na bebida, melhorando assim a qualidade no comer e beber.
De passar a sentir os aromas dos alimentos assim como fazemos com os vinhos quando os bebemos prestando atenção.Parece pouco? De cara temos que comer mais devagar,caso contrario,adeus aromas…Não se trata de” fast ou slow food”,mas sim de usar mais o olfato para um prato bem elaborado,para um arroz ou mesmo para um simples pão de queijo…
Fui entender.Na gastronomia,visão e paladar dão de goleada, entre doçura, acidez, salgado,amargo e agora também um quinto sabor, o umami.Por que esta marginalização do olfato, quando sabemos que somos capazes , com treino,de reconhecer,memorizar e relembrar até cerca de 10 mil odores?
Quase desanimei com Darwin e Freud.Era isso mesmo.No processo evolutivo estamos abandonando este “sentido mudo”.Passamos a caminhar eretos.A visão tomou o lugar do olfato.Nosso nariz se afastou do chão,etc e tal…..
Gregos e romanos valorizavam os aromas/perfumes.Até o vinho tinha fragrâncias adicionadas.
A Idade Media foi um desastre para o olfato.Sua associação com a sedução e a mística transformaram os aromas em coisas futeis…
Hábitos de higiene em maior quantidade de banhos também diminuíram a importância dos aromas/fragrâncias…
O cristianismo também colocou uma pitada de bloqueio,elegendo-os como pecado.
Nas ultimas decadas contudo,o olfato,este elo perdido,está voltando a ser praticado sobretudo na enogastronomia. Precisamos ver como natural procurar detectar à mesa os aromas dos alimentos e bebidas e não como uma caça a defeitos…
Odores online no futuro?Talvez e daí sua importância retornaria.
Estudo do olfato até mereceu o Nobel de Medicina em 2004.Descobriu-se que milhares de diferentes genes atuam como receptores olfativos.Que um odor(ou sabor) especial pode desatar velhas recordações.Aliás,Marcel Proust,na sua obra “Em Busca do Tempo Perdido” abordou muito bem o tema.”Ah,as madeleines…”
Assim,um prato e/ou bebida servido  numa ocasião singular altamente aprazível pode fazer com que a lembrança fique retida na memória olfativa e volte quando consumido anos mais tarde, proporcionando a satisfação de outrora …
Adicionando à visão e ao paladar um olfato mais apurado em nossa alimentação (comida ou bebida) do dia a dia ,esta crescerá em qualidade .De quebra,vamos comer mais devagar e menos.
Um novo ano de muitos aromas em nossas vidas!

escrito por Aldo Cadorin, sommelier ABS-PR/Brasil,FISAR/Italia e WSET/level 2.

A VERSATILIDADE DOS ESPUMANTES

18 de dezembro de 2023 às 19:54

Os espumantes quase sempres são lembrados pelo seu papel em comemorações.Seja num brinde de noivos,no aniversario de alguem,na abertura de um empreendimento, enfim,em festas.
Dada sua versatilidade e frescor ,eles são o destaque tambem nos verões pelo mundo.


O Brasil,sobretudo a Serra Gaucha , tem uma enorme vocação para a produção de espumantes em suas varias categorias: doce,,suave,meio seco,seco, brut ,extra brut e Nature.Estes dois últimos bastante secos.
O açucar residual é que vai definir a qual grupo pertencem os espumantes e dar a característica para uma melhor harmonização.

Vinícolas de ponta nacionais produzem maravilhas no método tradicional que é a segunda fermentação na garrafa como na região de Champagne/ França ou Franciacorta/Italia.
Há  também os espumantes mais joviais,pelo metado Charmat,onde a segunda fermentação ao invés de ser na garrafa , é feita em grandes tanques de inox.
Os melhores dos nossos espumantes são feitos tendo como base as uvas Chardonnay e Pinot Noir , as mesmas uvas principais de Champagne.
Assim, os espumantes vão muito além de festas e  comemorações, pois harmonizam com quase tudo e podem compor toda uma refeição ou parte dela.

Tomados sozinhos,são excelentes para uma recepção de amigos ou abrir um encontro. Num coquetel ou entrada, harmonizam a perfeição .
Em refeições com frutos do mar e peixes podem acompanhar toda uma refeição.
Os Extra-brut e Nature são otimos para acompanhar comidas mais estruturadas ( que acham numa feijoada?) , exceto para pratos de  carnes vermelha com molhos densos, quando  pedem um tinto.
Os demi-sec , suaves ou doces podem acompanhar também sobremesas ,exceto para as muito doces, como as de chocolate,quando um vinho do Porto cai melhor.
Mas não há unanimidade quando se fala em sinergia de  vinho e comida.O paladar é soberano.

O mundo do espumante passa obrigatoriamente pela França( champagne,cremant e mousseux ), Italia(spumante de alto nivel até o mais simples glera/Prosecco), Espanha ( cava),Alemanha(sekt),só para citar os mais conhecidos.
Mas como os  espumantes brasileiros são ótimos e muito reconhecidos e premiados tambem la fora,nada mais justo que valorizar a prata da casa.

Alem da sua qualidade,os espumantes são um capitulo a parte no visual.O gás carbônico que se forma com a segunda fermentação do vinho base, cria borbulhas (ou “perlage” como dizem os franceses) que vão subindo num belíssimo balé e encantam nossa visão.
Com eles, podemos celebrar a vida! Apesar de todos os contratempos, cabe ver o mundo com esperança e otimismo para perseguirmos assim  a busca da felicidade.
Um novo ano de muita luz, paz e borbulhas!

escrito por Aldo Cadorin ,sommelier por ABS-PR/Brasil,FISAR/Italia e WSET/Nivel 2.

DE BOTECO E DE VINHO

7 de setembro de 2023 às 18:30

Houve época que boteco e happy hour eram sinônimo de cerveja,caipirinha e petiscos somente.Vinho? Só em bons restaurantes.Ótimo que as coisas mudaram.Hoje boteco ou buteco é”cult” e o vinho está presente.

Os petiscos absorveram os melhores preparos da gastronomia, nos bons botecos.

Restaurantes tradicionais acabaram incorporando também a comida de boteco.

“Ambiente descontraido” é o que define um boteco ,mas no limite da privacidade dos frequentadores.

Assim,ao beber um vinho aqui , essa descontração deve ser a tônica.

Ficamos entendidos que o vinho tem de ser leve para acompanhar o papo que corre solto e pode avançar pela noite. Tem de ser simples e facil de beber,pois no acalorado de um papo mais longo não da para ficar captando notas de aromas .
E acaba sendo barato, por essas razões .Em resumo,vinhos descontraidos como o ambiente.
Vejo como algo muito bom o boteco ter vinhos finos brancos e tintos em taças, sobretudo em bags, que preservam bem o vinho por mais tempo.

Nos melhores,o ideal é uma carta muito compacta com vinhos dentro desta proposta. Ter 2 ou 3 rotulos tops para atender paladares mais especificos ,bem como alguns mais estruturados para fazer frente aos petiscos de carnes fortes e molhos mais densos.
Os espumantes nacionais brut ( os mais leves,de entrada) ,demi-sec e moscatel poderiam ser escolhidos como os reis do bom boteco. Combinam com quase tudo pela sua boa acidez, acompanhando pratos com mais gorduras ,um forte dos pratos de boteco.Os nossos nacionais são perfeitos.
Um espumante brut brazuca casa a perfeição com lula a doré,camarão ao alho e oleo,isca de peixe,frango a passarinho,polenta ,mandioca,batata frita,amendoim ,empadas de palmito e por aí a fora….

Mas se preferir ,são otimos igualmente: sauvignon blanc, chardonnay (sem madeira), pinot grigio,vinho verde portugues, riesling, um vinho rosé…
Bolinho de bacalhau fica show com um branco,rosé ou tinto leve…
Pasteis de carne, iscas de mignon,picanha acebolada, costela bovina,cordeiro ,ja pedem um tinto com media ou até mais estrutura.


Aqui entram muito bem os vinhos nacionais destacando, por exemplo, o merlot nacional ou vinhos de outros paises como o malbec,o cabernet sauvignon,o carmenere….
Se tiver algo condimentado prove com um shiraz / syrah.
Nesta onda de food trucks e hamburgers gourmets o vinho tambem entra.
Hamburgers classicos de carne bovina pedem um tinto de media estrutura.Se for grelhado, va de um malbec ou shiraz.
Pratos agridoces,vinhos ou espumantes demi-sec ou suaves,um riesling demi-sec alemão…

O vinho é presença obrigatoria nos melhores botecos e restaurantes.Na verdade,o que falta é um pouco mais da cultura do vinho, seja dos proprietarios ,seja dos frequentadores.
Mas ha os classicos que devemos respeitar.Uma feijoada? Não vou numa feijoada sem caipirinha.Daí acho ideal o conjunto “caipirinha e cerveja”.E caipirinha com a nossa legitima cachaça.Mas um belo tinto tannat pode ir bem, alguns defendem até um espumante extra brut .
Um Big Mac?Coca-cola.Pao de queijo ,uma cuca? Um belo cafe .

No geral, o preparo e o tipo de molho é que comandam a estrutura do prato.No vapor,por exemplo, os pratos tendem a ser mais leves e nos longos cozidos,mais densos e encorpados.
Assim,o vinho tem de acompanhar a mesma estrutura da comida,os dois terem o mesmo peso.
Mas,sobretudo,falar a mesma lingua do ambiente, cuja palavra chave é…descontração.

escrito por Aldo Cadorin, sommelier ABB-PR/Brasil,Fisar/Italia e WSET/nivel 2.

O VINHO NA COMIDA REGIONAL ITALIANA

5 de outubro de 2022 às 00:27

Na comida regional italiana é impossível desassociar o vinho da comida.Antes de tudo,ambos são comida,uma solida e outra liquida.

Na década de 70 estudava admintração de empresas na Eaesp/FGV em SP.O restaurante Ca’d’Oro sempre em alta e meus colegas abonados ,grande parte “oriundi” ,freqüentavam bastante este local,sua comida e vinhos.

E o cozido do restaurante era o carro chefe.Era o que no norte da Italia se chama de “bolitto” ,um prato barato mas trabalhoso de fazer,por exigir cozimento de carnes em tempos diferentes.Não há um padrão,há variações dependendo da região.No fundo ,um prato frugal,que foi alçado a alta gastronomia.

Economizei um pouco,tomei coragem e fui lá com meu grande amigo Sergio Romano,com pais da Calabria,que também namorava o prato( como morava sozinho em SP,era na casa dos pais dele que eu provava pratos regionais italianos;os de beringela eram divinos…).

O prato atendeu plenamente a nossa expectativa ,mas nosso orçamento na verdade não previa  o vinho.E ali,tanto pelo que vimos em todas as mesas já nesta remota década de 70 como pela brigada da casa,não existia comer sem beber um vinho .Eram inseparáveis e nós não estávamos tão convencidos financeiramente assim.

Olhamos a carta de vinhos e a coisa ficou mais dramática,pois tínhamos que prever os 10% .Sem cartão de credito para pendurar e depois resolver.

E olha que ali num canto da carta,sem destaque, achamos um Lambrusco italiano( um frizante) .Era disparadamente o mais barato.Cabia no bolso.Foi um belo jantar e um dos melhores a época.

A FGV ficava perto do bairro italiano Bixiga , para nós era o máximo que frequentávamos.

Ali perto da praça 14 Bis,nos fins de semana a gente batia também ponto no Posillipo,comida italiano barata e ótima .Nestas ocasiões os vinhos mais baratos eram as garrafas de chiantis revestidas de palha.Ficava numa rua decadente ,a Paim,perto de um grande predio,no fundo mesmo um  autentico treme-treme.Mas a comida era demais…Seu macarrão a Posillipo(com tomate,bacon e cebola) era dos deuses.Suas sopas,incríveis como a de queijo e de capeletti quatri formaggi.

O traseiro de cabrito com brócolis e batatas ,divino,mas mais caro,era só para ocasiões especiais.

Íamos muito com o seu Silva,português vindo da ilha Madeira,que morava em S.J.do Rio Preto e vinha visitar seu filho Luis Nivaldo que estudava comigo e era meu grande amigo,quase um irmão, hoje falecido.

Este restaurante foi um marco na minha vida no final dos anos 60 e toda a década de 70 como estudante.Depois voltei nele,no final dos anos 80,mas já não era a mesma coisa.Estava decadente.Perdeu-se nas falésias da Costa Amalfitana,de onde saiu seu nome,como li de alguem se referindo ao restaurante.

Lembrei-me acima da historia do cozido do Ca’d’Oro,o “bolitto” italiano porque perguntei recentemente ao grande amigo e sommellier Guilherme Correa,qual dos vinhos ele recomendaria para este cozido.Bingo.Ele indicou o top de linha Lambrusco Reggiano Concerto como harmonização espetacular!( Enoteca Decanter) . Provei.Os Lambruscos deste produtor são mesmo especiais.No geral,os frizantes italianos que hoje vem ao Brasil,sobretudo os muito baratos,tem qualidade duvidosa.

Vou pedir aos amigos chefs ( quem se atreve?) para revivermos o Ca’d’Oro neste prato e no vinho.Para os amantes de vinhos tranquilos,um belo Barbera do Piemonte (boas opções na loja De Marseille em Joinville) será também uma ótima pedida.Vale comparar.

Há poucos países onde o binômio vinho e comida está tão entrelaçado como na Italia.A harmonização se dá menos pela estrutura e mais pela cultura centenária dos pratos e vinhos regionais.

Da próxima vez que você for cozinhar,pense nas inúmeras combinações regionais italianas em vinho e comida,saindo dos onipresentes risotos e lasanhas,passando por seus inúmeros vinhos regionais e não difundidos muito ainda.

Salute!

Aldo Cadorin, sommelier pela ABS-PR/Brasil,FISAR/Italia e WSET/level 2.

 

Lembrando de meu pai e suas bebidas preferidas

12 de agosto de 2022 às 13:12

O VINHO

Lembro-me de quando era criança, nas refeições, por mais frugais que fossem, o vinho era indispensável, sobretudo no inverno. Nestas épocas, as sopas quentes sempre antecediam o prato principal.

Meu pai colocava sempre um pouco do vinho tinto seco na sopa. Depois, ele e os adultos tomavam uma taça de vinho para acompanhar a refeição. Vez por outra, nós crianças podíamos tomar um gole, geralmente com açúcar. Na época, o vinho era feito na região, com uvas comuns de mesa que eram mais fáceis de cultivar. As videiras de uvas especiais trazidas pelos imigrantes italianos não progrediram e foram se extinguindo com as doenças daqui.


Comprava o vinho em barricas de madeira de 100 ou 120 litros, o transferia para garrafas, colocava a rolha e cobria com cera para vedar. Depois, as garrafas seguiam para o porão através de um alçapão no assoalho.Não me lembro,mas meu irmão mais velho lembra que ele colocava azeite nas sobras da garrafa de consumo proprio para conservar.Quando reabria,antes tomava o azeite com uma colher,depois o vinho…

Comercializava o vinho também em garrafa ou copo em nosso estabelecimento comercial, junto com os secos e molhados.
Hoje, ja vivemos um panorama de belos vinhos brasileiros e nosso país é um dos lugares onde a diversidade de vinhos do mundo é muito ampla, para nossa sorte. Pena que ele não é tratado como alimento como em muitos países, pagando assim impostos exorbitantes como bebida alcoólica.

Ontem e hoje, o vinho continua sendo o par perfeito para completar uma refeição.

O CAFÉ

Já nas manhãs frias de inverno,o bule de barro de café recém-passado estava cedinho no fogão de lenha (Quando ia a mesa, contudo,era num bule esmaltado com lindas pinturas de flores coloridas).

Permanecia assim no fogão entre a chapa de ferro e a borda de tijolo e reabastecido o dia inteiro, capricho da minha nona Tereza pelo lado materno,imigrante do Veneto, Itália.


Meu pai colocava o café preto na xícara e completava religiosamente com cachaça para espantar o frio. Era um ritual seguido depois pela minha mãe e demais adultos (o café da manhã propriamente dito vinha depois).

O hábito tinha sido transmitido pelo nono Giovanni,pelo lado paterno, também oriundo, de Vazzola (Treviso) tambem do Veneto.

A CACHAÇA
Na Itália,nos dias frios colocava-se no café originalmente a grappa, a aguardente do vinho. Na falta desta, adaptaram a cachaça.

Pura ou na caipirinha, é brasileiríssima da gema. Nasceu nos alambiques de cana e originalmente tomada por escravos e gente humilde. Produto da destilação do caldo de cana, distinta do rum da América Central que é destilado do melaço de cana.
Conhecimento e tecnologia no plantio, na destilação e no armazenamento em barris de carvalho permitiram termos hoje um produto de alto padrão. O reconhecimento internacional alçou a cachaça de qualidade a um status de chique e requintada. Todo bar que se preze pelo planeta ostenta pelo menos um drinque com a nossa cachaça.Ou chame-a por um dos cerca de 2.000 sinônimos que ela tem no Brasil! Na próxima feijoada, faça um aperitivo antes e ao final com uma cachaça de boa cepa. Durante, tome uma caipirinha. A legítima, de cachaça.

No Brasil, das artesanais,você pode escolher uma das cerca de 5.000 marcas existentes.Minas se destaca.

Quando falamos de tomar uma cachaçinha, sempre pensamos do beber consciente e moderado, do compartilhamento social com amigos.

Ao bebê-la, só não se esqueça de antes dar um gole pro santo, como manda a tradição, numa homenagem ao Pai Preto .Ele vai devolver em saúde, fartura e felicidade. Num ato generoso, jogue um gole a mais para nosso país, para menos corrupção e mais educação, segurança e saúde. Afinal, ela é nossa e ninguém tasca!
E assim, com café,vinho e cachaça, faço um brinde a lembrança de meu pai, a mim mesmo como pai de minhas duas filhas lindas Thonia Carla e Fernanda Paula ( com minha esposa Odete), aos meus genros, pais de minha neta Amanda(Beto/Thonia) e do meu neto João (Guilherme/Fernanda) e a todos os pais que ousaram ler este texto.Salute!

Escrito por Aldo Cadorin, sommelier por ABR-PR/Brasil,FISAR/Italia e WSET/level 2.

VINHO E VERÃO

25 de novembro de 2017 às 22:50

Chegou a época do ano de maior descontração….As pessoas saem mais a rua (até pelo horario de verão!) ,encontram amigos e comemoram a vida! Piscina e areia da praia começam a recepcionar seus visitantes! Roupas leves e coloridas traduzem este clima…
Também nossas refeições ficam mais leves, molhos menos densos, comemos mais frutos do mar e peixes nos seus diversos preparos!
É época de lembrar de vinhos brancos, rosés, tintos leves e espumantes ( de espumantes vou falar em dezembro noutro post).
Queremos que comida e vinho falem a mesma língua da harmonização.
Assim como temos vinhos tintos bem encorpados, temos também brancos, pois a estrutura não tem nada a ver com a cor do vinho e sim com o seu corpo (exemplo:contrapondo corpo de leite desnatado de integral ou azeite de agua).
A cor trabalha a nossa visão e nos indica a idade, defeito,etc.Um tinto jovem tem um rubi intenso e quando bem velho uma cor atijolada. Um branco, nasce esverdeado, passa por um amarelo palha e morre amarelo ouro ao longo dos anos…

Mas nesta época foco mais nos vinhos leves, sem ou quase nenhuma passagem por barricas.
Se no Brasil temos problemas com o nosso clima instável para grandes tintos, nos brancos ja surpreendemos. Nos espumantes, então, ja somos especialistas.Vale a pena prestigiar os bruzucas da serra catarinense e gaúcha.Prove nossos chardonnays!


Vinicolas brasileiras de ponta,alem de espumantes,produzem belos brancos .

Cada tipo de uva tem uma característica de aroma e sabor. Vamos exemplificar com a rainha das uvas brancas , a chardonnay.Ela se adapta facilmente aos diversos solos.Em cada um destes solos estes seus aromas e sabores se expressam diferente: num mostram-se mais frutados, noutros mais minerais ,etc.
A sua versatilidade vai alem e ela produz vinhos para serem tomados muito jovens ou até serem envelhecidos em barris de carvalho, trocando seu frescor por frutas maduras, por exemplo e ficando um vinho mais estruturado.

Outra uva que faz muito sucesso entre nós é a Sauvignon Blanc, por ter um grande frescor.Destaque para os vinhos sauvignon blanc chilenos do Vale Casablanca. Com frutos do mar são perfeitos, aqui incluindo comida japonesa.
Da Argentina , se apreciar vinhos mais aromáticos , prove um Torrontés, ótimo tambem com a culinaria oriental. Os melhores são da região de Salta.
De Portugal, sou grande fã dos vinhos verdes.São perfeitos para nosso clima de verão.
Os Rieslings alemães são um caso a parte, espetaculares pela sua bela acidez e mineralidade!!
E apresentam uma ampla gama de niveis de açucar: seco,passando por demi-sec e suave, indo para otimos vinhos doces .Uma harmonizacao perfeita com a cozinha oriental e pratos agridoces.Pena que os bons tem um preço alto!

Temos inumeros vinhos europeus em nosso mercado brasileiro de muitas ofertas..

Ainda há um forte preconceito com os vinhos rosés.Não deveria, pois são feitos de uvas tintas, de um modo geral, de maior estrutura…A cor está na casca,assim o enologo escolha o tempo de contato da casca com o líquido para definir a cor que quer dar ao vinho rosé.Há os de cor muito tênue como os da Provence/França e outros rosés mais intensos como alguns espanhois….
Prove um rosé da próxima vez, harmonize com um belo congrio,um bacalhau ou só deguste!

Se voce é daqueles que prefere tintos, comece a provar nesta epoca tintos mais leves e jovens ,sobretudo aqueles com menos taninos (trava na boca) como um Pinot Noir  ,um Carmènere e tantos outros…Mais vinhos do Novo Mundo ( fora da Europa) pelo seu custo/beneficio.
A beleza do mundo do vinho está nesta diversidade de sabores e estilos.
Pense no vinho como você pensa na sua refeição, para ambos serem uma parceria perfeita. O melhor vinho é aquele que vai casar otimamente com sua comida.
Assim como voce não come arroz e feijão todo dia, a mudança no estilo do vinho tambem vai aguçar e aprimorar seu paladar.
Mas no final, são palpites pois seu paladar é unico.De qualquer forma,estamos juntos no gosto pelo vinho.E o vinho agrega,compartilha,faz amigos e transforma pequenos encontros do dia a dia em grandes momentos!

(PUBLICADO NA REVISTA DE BOTECO DE NOV/2017 QUE CIRCULA EM SC)

De Vinho e de Boteco

2 de setembro de 2017 às 21:37

Houve época que boteco e happy hour eram sinônimo de cerveja,caipirinha e petiscos.Vinho? Só em bons restaurantes.Ótimo que as coisas mudaram.Hoje boteco ou buteco é”cult” e o vinho está presente.

Os petiscos absorveram os melhores preparos da gastronomia, nos bons botecos.

Restaurantes tradicionais acabaram incorporando também a comida de boteco.

“Ambiente descontraido” é o que define um boteco ,mas no limite da privacidade dos frequentadores.

Assim,ao beber um vinho aqui , essa descontração deve ser a tônica.


Ficamos entendidos que o vinho tem de ser leve para acompanhar o papo que corre solto e pode avançar pela noite. Tem de ser simples e facil de beber,pois no acalorado de um papo mais longo não da para ficar captando notas de aromas .
E acaba sendo barato, por essas razões .Em resumo,vinhos descontraidos como o ambiente.
Vejo como algo muito bom o boteco ter vinhos finos brancos e tintos em taças, sobretudo em bags, que preservam bem o vinho por mais tempo.

Nos melhores,o ideal é uma carta muito compacta com vinhos dentro desta proposta. Ter 2 ou 3 rotulos tops para atender paladares mais especificos ,bem como alguns mais estruturados para fazer frente aos petiscos de carnes fortes e molhos mais densos.
Os espumantes nacionais brut ( os mais leves,de entrada) ,demi-sec e moscatel poderiam ser escolhidos como os reis do bom boteco. Combinam com quase tudo pela sua boa acidez, acompanhando pratos com mais gorduras ,um forte dos pratos de boteco.Os nossos nacionais são perfeitos.
Um espumante brut brazuca casa a perfeição com lula a doré,camarão ao alho e oleo,isca de peixe,frango a passarinho,polenta ,mandioca,batata frita,amendoim ,empadas de palmito e por aí a fora….


Mas se preferir ,são otimos igualmente: sauvignon blanc, chardonnay (sem madeira), pinot grigio,vinho verde portugues, riesling, um vinho rosé…
Bolinho de bacalhau fica show com um branco,rosé ou tinto leve…
Pasteis de carne, iscas de mignon,picanha acebolada, costela bovina,cordeiro ,ja pedem um tinto com media ou até mais estrutura.Aqui entram muito bem os vinhos nacionais destacando, por exemplo, o merlot nacional ou vinhos de outros paises como o malbec,o cabernet sauvignon,o carmenere….
Se tiver algo condimentado prove com um shiraz / syrah.
 Nesta onda de food trucks e hamburgers gourmets o vinho tambem entra.
Hamburgers classicos de carne bovina pedem um tinto de media estrutura.Se for grelhado, va de um malbec ou shiraz.
Pratos agridoces,vinhos ou espumantes demi-sec ou suaves,um riesling demi-sec alemão…

O vinho é presença obrigatoria nos melhores botecos e restaurantes.Na verdade,o que falta é um pouco mais da cultura do vinho, seja dos proprietarios ,seja dos frequentadores.
Mas ha os classicos que devemos respeitar.Uma feijoada? Não vou numa feijoada sem caipirinha.Daí acho ideal o conjunto “caipirinha e cerveja”.E caipirinha com a nossa legitima cachaça.Mas um belo tinto tannat pode ir bem, alguns defendem até um espumante extra brut .
Um Big Mac?Coca-cola.Pao de queijo ,uma cuca? Um belo cafe .

No geral, o preparo e o tipo de molho é que comandam a estrutura do prato.No vapor,por exemplo, os pratos tendem a ser mais leves e nos longos cozidos,mais densos e encorpados.
Assim,o vinho tem de acompanhar a mesma estrutura da comida,os dois terem o mesmo peso.
Mas,sobretudo,falar a mesma lingua do ambiente, cuja palavra chave é…descontração.

BATE-PAPO COM REJANE GAMBIN EM A NOTICIA/RBS DE 22/04/2017

23 de abril de 2017 às 01:09

Mais que um sommelier, Aldo Cadorin é um apaixonado por vinhos.
Confira o bate-papo e conheça algumas dicas.

Rejane Gambin
regambin@hotmail.com
Aldo Cadorin é apaixonado por vinhos desde muito cedo. Criança já visitava parreirais na companhia dos pais. Não esquece, inclusive de um, que ficava na frente da casa do tio Bepi.

Adulto, e já executivo de uma empresa, teve a oportunidade de viajar pela Europa, onde pode conhecer mais sobre os vinhos feitos em outras terras. Nas férias, sempre que podia, convidava a esposa Odete e lá iam eles conhecer novos lugares do mundo e, claro, os vinhos.

O tempo passou, a família abriu em Joinville a De Marseille e posteriormente a Enoteca Decanter e aí a relação dele com o vinho se aprofundou.Fez cursos de sommelier, participa de confrarias de vinho. Onde tiver vinho no meio, ou evento sobre a bebida, certamente ele estará lá. Porque, como eu disse no início dessa apresentação, ele é um apaixonado por vinhos. E tanto conhecimento precisa ser dividido, certo? Por isso resolvi ter esse bate-papo com ele.

Foto: divulgação / divulgação

O joinvilense gosta mais de que tipo de vinho?

Aldo Cadorin – Na preferência do joinvilense 70% são tintos e 30% brancos e rosés ou espumantes. Mas o consumo destes últimos está aumentando, já que são perfeitos para acompanhar comidas mais leves, sobretudo nossos frutos do mar e peixes muito consumidos no verão.

Muita gente tem adega em casa. Mas quem ainda não tem sempre se pergunta: qual seria o melhor lugar para guardar o vinho?

Cadorin – Na adega da Enoteca Decanter e da De Marseille (rs). Como o vinho não é pasteurizado, ele sofre sobretudo com fortes oscilações de temperaturas e luz em demasia. Assim, aconselho quem não tem adega a procurar o local mais tranquilo de casa, fresco, sem iluminação e vibrações.

Vale colocar na geladeira? Ou é muito frio para o vinho?

Cadorin – O branco e o espumante até podem ficar na geladeira por terem menos estrutura. Já os tintos não devem ficar por muito tempo, pois seus componentes podem se precipitar com a vibração do motor (as adegas climatizadas não tem este problema, pois não tem vibrações). Use a geladeira para deixar e em pé, aquela meia garrafa que sobrou do jantar para ser consumida em 2 ou 3 dias, tirando o ar com uma bombinha bem simples e barata que tem no mercado (vacuum vin). Quanto ao tinto ficar muito gelado, não há problemas: é só deixar um pouco em temperatura ambiente ou abraçar a taça com o calor das mãos e fica tudo certo.

Escuto algumas pessoas dizendo que só gostam de vinho ¿docinho¿ e que gostariam de aprender a tomar vinho seco. Que dica você daria para elas?

Cadorin – A dica é a seguinte: acompanhe o vinho seco sempre com comida até se acostumar. Lógico que vale harmonizar a comida e a bebida. Já os ¿docinhos¿ ficam melhor assim: os demi-sec ou suaves combinam com comidas agridoces, e os mais doces, como o vinho do Porto (tinto) ou Moscatel de Setubal (branco) por exemplo, para acompanhar sobremesas.

Você considera importante essa coisa de harmonizar comida e bebida? Ou o que importa mesmo é tomar um bom vinho?

Cadorin – Vinho e comida bem harmonizados são uma experiência fascinante, pois a sinergia faz ambos crescerem muito e nosso prazer redobra. Agora, é difícil fazer harmonização perfeita em buffets onde se tende a misturar tudo. Nesse caso, a dica que eu dou é optar por vinhos de média estrutura, com poucos taninos (aquela trava na boca) para não ter muito conflito. Use o bom senso, sem ser paranóico: pense numa balança hipotética de um lado o vinho e de outro a comida. Procure equilibrar a estrutura dos dois. Se for um risoto de camarão, vá de branco ou rosé leve ou espumante. Se comer uma costela ou um molho concentrado escuro e muito denso, vá de tinto bem encorpado. Na dúvida, passe em uma das nossas lojas e fale com nosso sommelier. Ou dá uma espiada no Google.

Em tempos de dinheiro curto o preço conta. Pergunta: dá para tomar um bom vinho por R$ 30, 40?

Cadorin – Sim, dá! Especialmente nos brancos e espumantes e nos tintos, os bem jovens, que devem ser tomados mais refrescados, tipo 15/16 graus de temperatura. Para os mais encorpados, que passam por barricas de carvalho, mais tempo de guarda, o preço sobe um pouco e a partir de R$ 70/80 reais começamos a tomar vinhos bem melhores.

Por último, qual o seu vinho preferido? E qual o melhor vinho que você já tomou?

Cadorin – Sou um pouco suspeito, pois tenho também nacionalidade italiana. Sou apaixonado pela uva Nebbiolo que faz os belos Barolos (e Barbarescos) na região do Piemonte, na Itália. Mas no geral, o que me encanta é quando consigo harmonizar bem o vinho, seja branco, rosé ou tinto.

O NOME DA ROSA E OUTROS NOMES E PAPOS

20 de fevereiro de 2016 às 22:16

 

Sabado,13 hs.Acabo de colocar um robalo( medio) no forno,coberto com sal grosso.Dicas de meus amigos  Ely e Levi.

Abro um branco Muscadet do Loire que chegou recentemente para nosso portfolio.Vou bebericando com minha mulher Odete.

Abrindo o IPAD, releio detalhes sobre o falecimento do grande escritor italiano Humberto Eco.

Senti vontade de voltar a escrever um post no meu blog que estava meio paralizado.

A morte de Humberto Eco ,o grande escritor italiano fez-me refletir sobre sua obra e por consequencia sobre as diversas formas de comunicacão que nos bombardeiam todos os dias.

Quando li seu livro O Nome da Rosa ainda na decada de 80, passei a ser grande admirador do autor .Como um ser humano conseguia com tanta maestria ,compilar, imaginar e tornar quase real uma historia ambientado em 1327 em plena epoca das trevas,a idade media e com tamanho toque de modernidade no que ele transmitia.

image

Quem como eu passou a decada de 60 fazendo o segundo grau( na epoca ginasio e cientifico) ,estudando em colegio de padres ,praticamente num mosteiro,estudando latim e grego,cantando canto gregoriano,este livro foi muito especial.

Como sempre tinha notas boas,nos 7 anos que passei no internato podia ler livros,sem ter exigencias de estudar.E fiz muito isso e continuo apaixonado por livros até hoje.

Na decada de 70, fiquei só com livros tecnicos pois foi o periodo que estudei graduação e pos( CEAG) na EAESP/FGV em Sao Paulo.

Assim, O Nome da Rosa na decada de 80 me trouxe de volta ao gosto pelos livros de literatura.
O livro tem os ingredientes que gosto,pois reporta a historia,geografia,politica,costumes e muitos detalhes que por incrivel que pareça gosto muito,embora no dia a dia não sou detalhista.Va entender um “”dinossauro”.

Anos depois de ler o livro O Nome da Rosa, fui assistir ao filme.Até gostei . Mas para quem le o livro ,o fime realmente não da a dimensão da obra estupenda de Humberto Eco.
E cria um vazio,pois toda a imaginação que voce proprio criou lendo o livro se desmorona em pouco tempo frente a criação do cineasta.Pode ser muito melhor,mas não é a sua,a original.

Ganhei da amiga Josi no aniversario anos atras o livro Sete Anos no Tibete.Livro maravilhoso para o meu gosto e que prende a atenção a cada pagina.Depois fui ver o filme e parecia outra historia.Partes deliciosas do livro passam superficialmente e não gostei.
Todo aquele misterio das montanhas do Tibete e da sua cidade de Lhasa se esvai num momento.

image

Acho que só vou assistir filmes que não vou ler a historia em livro.
Agradeceria se algum amigo tivesse alguma indicação de quando o inverso é verdadeiro: o filme é melhor que o livro.

Com a Netflix e outras do genero e sugestões de amigos ,eu e minha mulher  estamos assistindo belos filmes e está sendo muito bom.Estou olhando a TV como algo importante para nós agora ,mas ainda assim para filmes.Não consigo gostar da TV aberta,aquela que vicia e faz
voce assistir o que querem.Tenho que me policiar para não interferir no gosto de quem aprecia.

Sou uma apaixonado pela internet e suas redes sociais pelas suas possibilidades de conhecimento , comunicação e diversão.
Bem usada acho que é grande aliada tambem das pessoas mais velhas se divertirem e se comunicarem.Tenho um cunhado na familia muito doente e idoso onde a internet foi um grande achado na sua vida ,complementando sua qualidade de vida ,alem do calor humano dos familiares.

Nas redes sociais há muito lixo,mas voce pode escolher o que quer ver e o restante deixar passar, de colunistas a blogueiros, de forma gratuita ou paga.
Elas precisam ser sempre um complemento, nunca substituindo o convivio fisico com as pessoas.
O encontro fisico com amigos ainda é a melhor forma de expressão,jogando conversa fora ou numa troca de ideia sobre a vida.

Fui num sebo neste verão aqui em Balneario Camboriu e escolhi um livro pelas resenhas da capa e abas que estou finalizando agora.Chama-se Do Outro Lado do Rio ,do escritor canadense John Bemrose.No fundo, o livro fala de coisas simples do dia a dia que se passam as margens do rio Attawan,em Ontario.Só num livro mesmo para, nos dias de hoje de #, caber uma linguagem do tipo”….e este indolente canal era sombreado por salgueiros escuros e ladeado por uma trilha estreita que passava por cercas de trepadeiras e galpões decadentes”.

image

Bem, este post pretendeu ser uma homenagem ao grande escritor italiano Humberto Eco e divagar sobre os meios de comunicação enquanto aguardo o forno.
Agora preciso finalizar(tirar o sal grosso)do meu robalo que esta no forno para o almoço e tomar mais uma taça de vinho.Sobre a harmonização falo no FB.Bom fim de semana,ops,bfs.