Entrevista com Aldo Cadorin

17 de janeiro de 2014 às 14:36

Profissão: Sommelier
Aldo Cadorin, um verdadeiro amante do vinho.

Quando Aldo Cadorin, 67 anos, decidiu qual seria a carreira que iria seguir, a primeira opção foi administrador de empresas. Ele é graduado e pós-graduado (CEAG) pela EAESP/FGV, uma das melhores escolas do país. Trabalhou em diversas organizações e viajou o mundo como executivo.

av-cadorinChegando à casa dos 50 anos, foi acalentando a ideia de trabalhar com o que o fascinava. E foram, sobretudo nas viagens que vez, só ou com a esposa Odete que ele deixou se encantar pelo mundo dos vinhos.
Fruto de uma viagem em 1990 à SIAL em Paris com a esposa, em 1991, Odete iniciou em Joinville uma CROISSANTERIE, pioneiro por aqui a época. Começou no varejo com lanches de croissant e depois foi para a linha de congelados em geral: além dos croissants, incorporou os folhados, pães de queijo, quiche, empanadas, etc. Foram vendidas gradativamente as lojas de varejo nos shoppings e a De Marseille partiu para o atacado nos alimentos, o que perdura até hoje.


Dos alimentos para o vinho foi um pulo. Aliás, “o vinho na maioria dos países europeus é tratado como alimento pelas suas propriedades e também em termos tributários” salienta Cadorin. O vinho sempre fez parte dos encontros de família e de amigos, e como queria montar um negócio adicional para si, o vinho acabou sendo a primeira opção, “Vinho sempre foi minha paixão. Eu viajava e acompanhava a cultura da bebida nos vários lugares. Hoje conheço praticamente todas as regiões vinícolas do Mundo, exceto a Austrália e Nova Zelândia”.
Em 1999, ele decidiu unir o útil ao agradável e fez uma parceria para representar e distribuir a Casa Valduga. A partir daí, ele só foi se especializando e há cerca de 10 anos se tornou Sommelier. Primeiro fez uma curso de 6 meses no Centro Europeu/ABS em Curitiba. Depois o curso de Sommelier Internacional na Fisar(Federação Italiana de Sommeliers). Atualmente cursa com sua filha Fernanda que hoje comanda a empresa, um dos melhores cursos da área, o WSET (Wine & Spirits Education Trust) da Inglaterra, mas feito no Brasil, nos seus primeiros módulos. “Inclusive vamos trazer a WSET novamente para Joinville para repetir o nível 1 e no ano que vem o nível 2″.
A origem italiana (os quatro avôs nasceram na Itália) ajudou a Cadorin escolher uma nova profissão já na maturidade . Na época, segundo Aldo, Joinville não tinha carta de vinhos e aí ele se especializou nisso – foi pioneiro na elaboração de cartas de vinhos para os restaurantes e em 2000 incorporou na De Marseille uma loja de vinhos na Otto Bohem.
Em seguida, a De Marseille fechou exclusividade na região Norte/SC com a Decanter, uma das maiores importadoras dos país. A Otto Bohem, passou a ser uma Enoteca Decanter. Em 2011 foi inaugurada uma segunda loja em Joinville, agora na região norte, perto da Acij. A loja do centro foca nos cerca de 1500 rótulos da Enoteca Decanter. A loja De Marseille do norte ,os produtos mais vendidos da Decanter e os diversos outros produtos do Grupo Valduga, que inclui a importadora Domno do Brasil, a Casa Madeira e de inúmeras outras procedências. Na
verdade ē uma loja multi marcas e com forte presença de alimentos, sobretudo os congelados e outros alimentos como o exclusivo Panettone De Marseille.
Hoje, a De Marseille conta com mais de 1700 rótulos, nacionais e internacionais, de cerca de 200 vinícolas de diferentes países, sendo alguns de regiões mais exóticos como Eslovênia, Croacia, Hungria, por exemplo. “Mas ainda se consome muito Chile e Argentina pelo custo/benefício. Isso ocorre também porque a carga de impostos no Brasil é muito alta e o resultado é um vinho mais caro”, explica o sommelier.
Mas ele reforça que há muitos vinhos bons no Brasil. O espumante, por exemplo, deixou de ser um tabu para os consumidores, pois a venda tem crescido, em média, 15% ao ano. “A bebida teve que sair do País, os estrangeiros falaram que era bom e aí o pessoal começou a acreditar”, conta Aldo.
Falando em espumante, a De Marseille lançou no mercado há dois anos um espumante Brut e um Moscatel em parceria com a Casa Valduga. “É voltado para festas e eventos. Bem jovial e fácil de beber. É um caso de sucesso em Joinville e região”.
No momento o sommelier se empenha também a destacar os belos vinhos de altitude de SC que vão se destacando cada vez mais: Quinta das Neves, Villa Francioni, Villagio Grando, Pericó e muitas outras.
Aldo faz questão de lembrar que um bom sommelier aprende degustando constantemente, lendo muito e indo a fonte, conhecer os produtores. Em setembro, ele se prepara para viajar ao lado de sua companheira Odete e de amigos, para a Alemanha. “Sou um apaixonado por
vinhos brancos, sobretudo os rieslings alemães. Vamos visitar 5 produtores.”
Simpático e entendedor no mundo dos vinhos, Aldo sabe bem promover a bebida que, segundo ele, no caso das harmonizações, deve ter uma sinergia entre prato e vinho. “O vinho é o alimento liquido, é o par perfeito da comida”. Trabalhar com vinho me encanta . O vinho tem história, tem cultura .

Frase
“O vinho junto com com a comida me fez valorizar as pequenas coisas da vida. Atraves dele, cultivei e fiz grandes amizades, fiz belas viagens. Somando a família com tudo isso, faz-nos ser mais felizes” – Aldo Cadorin

Curiosidade
De Marseille – Marseille é a segunda cidade mais populosa da França, fundada 600 a.C. pelos gregos. Localizada na região da Provence, fica na costa do Mediterrâneo e tem como destaque seu Porto.