Vinho: Saúde e Prazer

17 de março de 2014 às 14:49

vinho111Um estudo feito nos anos 70, que passou a ser chamado “Paradoxo Françês”, deu início a inúmeros estudos associando o vinho como benéfico à saúde e, sobretudo, ao coração. Intrigava os cientistas que os franceses, apesar de hábitos de vida pouco saudáveis, como fumar, beber e comer muita gordura de origem animal, tinham baixa incidência de enfarto do miocárdio e de acidente vascular cerebral.

O aprofundamento da pesquisa a povos como italianos e gregos, também com características como as dos franceses, concluiu que tudo estava ligado à alimentação, principalmente vinho e azeite, que trazem saúde e longevidade.

Nos anos 90, isolou-se do vinho a substância resveratrol, que se comprovou ter o potencial de prevenir doenças ligadas ao coração por seu poder antioxidante, que ajuda a limpar os depósitos de gorduras nas artérias.

Estudos quentíssimos deste ano publicados no American Journal of Nutrition avançaram ainda mais. Concluíram que os polifenóis (resveratrol e demais substâncias do vinho) associados ao etanol, presentes no vinho tinto, eram benéficos ao coração. Portanto, o álcool em doses moderadas também é um amigo do coração.

Hoje há inúmeros estudos em andamento sobre os benefícios do vinho para artrites e muitos outros males. Outros campos, como o da beleza, já se beneficiam dos estudos sobre os componentes do vinho.

A história do vinho é quase tão antiga quanto a humanidade. Seu sucesso, como já dissemos, está em proporcionar prazer e saúde. Este binômio o transformou em bebida sacra – Cristo disse que o vinho simbolizava seu sangue.

Na mitologia grega, o vinho foi presente de Dionísio (depois Baco para os romanos), o deus das festas e alegrias. Platão o chamava de bebida dos deuses. Hipócrates, pai da medicina e Galeno, médico grego considerado pai da farmácia moderna, colocavam suas plantas medicinais dentro do vinho.

O resveratrol está mais presente nos tintos. Embora varie de safra para safra, na média, está presente em maior quantidade nos tintos das uvas sangiovese (italianos da Toscana) e das francesas merlot e tannat, dentro os vinhos mais usuais em nosso meio.

Os vinhos brasileiros se saem bem. Para dar um exemplo de Santa Catarina, podemos destacar a Villa Francioni, que tem tintos, roses e até brancos (como o espumante Brut Blanc de Noir) com as uvas merlot e sangiovese. Da Serra Gaúcha, o grande destaque é a Casa Valduga com seus merlots rose e tinto e seu top de linha: o Storia.

O Uruguai, nosso vizinho, soube domar com extrema maestria a uva francesa tannat.

Bouza, nos arredores de Montevidéu, talvez seja a Bodega que mais soube exprimir esta casta no país. Seus tannats são fabulosos, bem como seus merlots, ou ainda fazendo um “assemblage” de ambos. Das Américas, sempre digo, os vinhos uruguaios são os mais “europeus”.

Mas atenção, muita atenção: um ou dois cálices por dia é o limite (cálice = 150/180 ml). Quando se abusa do vinho, o efeito nocivo do álcool neutraliza os componentes benéficos.

Há pessoas que não podem tomar bebida com álcool, outras que têm propensão ao alcoolismo. Consulte sempre seu médico para uma orientação segura.

Se você não pode tomar vinho por causa do álcool e quiser usufruir dos benefícios do resveratrol presente nas uvas, pode fazer uso de um suco de uva de qualidade. E aqui, o nacional da Casa de Madeira é imbatível. Sobretudo agora que há opções de suco de uva com fibras, que adicionalmente é bom para a regularização do intestino.

Devemos também evitar os vinhos de má qualidade, que podem conter conservantes e causam dores de cabeça. E qualidade está associada a preço.

Nunca custa repetir: jamais dirija se ingeriu vinho ou outra bebida alcoólica. Os nossos reflexos, seguramente, não são os mesmos.

O prazer em si de tomar vinho nas refeições já agrega saúde em nossa vida. Portanto, tome também nossos belos brancos e espumantes, sobretudo na primavera e verão. Eles são perfeitos para frutos do mar, peixes e pratos leves.

É pelo prazer e saúde que quando fazemos tilintar as taças de vinho falamos nas diversas línguas: Santé! Salute! Salud! Cheers! Saúde!