DE BOTECO E DE VINHO

7 de setembro de 2023 às 18:30

Houve época que boteco e happy hour eram sinônimo de cerveja,caipirinha e petiscos somente.Vinho? Só em bons restaurantes.Ótimo que as coisas mudaram.Hoje boteco ou buteco é”cult” e o vinho está presente.

Os petiscos absorveram os melhores preparos da gastronomia, nos bons botecos.

Restaurantes tradicionais acabaram incorporando também a comida de boteco.

“Ambiente descontraido” é o que define um boteco ,mas no limite da privacidade dos frequentadores.

Assim,ao beber um vinho aqui , essa descontração deve ser a tônica.

Ficamos entendidos que o vinho tem de ser leve para acompanhar o papo que corre solto e pode avançar pela noite. Tem de ser simples e facil de beber,pois no acalorado de um papo mais longo não da para ficar captando notas de aromas .
E acaba sendo barato, por essas razões .Em resumo,vinhos descontraidos como o ambiente.
Vejo como algo muito bom o boteco ter vinhos finos brancos e tintos em taças, sobretudo em bags, que preservam bem o vinho por mais tempo.

Nos melhores,o ideal é uma carta muito compacta com vinhos dentro desta proposta. Ter 2 ou 3 rotulos tops para atender paladares mais especificos ,bem como alguns mais estruturados para fazer frente aos petiscos de carnes fortes e molhos mais densos.
Os espumantes nacionais brut ( os mais leves,de entrada) ,demi-sec e moscatel poderiam ser escolhidos como os reis do bom boteco. Combinam com quase tudo pela sua boa acidez, acompanhando pratos com mais gorduras ,um forte dos pratos de boteco.Os nossos nacionais são perfeitos.
Um espumante brut brazuca casa a perfeição com lula a doré,camarão ao alho e oleo,isca de peixe,frango a passarinho,polenta ,mandioca,batata frita,amendoim ,empadas de palmito e por aí a fora….

Mas se preferir ,são otimos igualmente: sauvignon blanc, chardonnay (sem madeira), pinot grigio,vinho verde portugues, riesling, um vinho rosé…
Bolinho de bacalhau fica show com um branco,rosé ou tinto leve…
Pasteis de carne, iscas de mignon,picanha acebolada, costela bovina,cordeiro ,ja pedem um tinto com media ou até mais estrutura.


Aqui entram muito bem os vinhos nacionais destacando, por exemplo, o merlot nacional ou vinhos de outros paises como o malbec,o cabernet sauvignon,o carmenere….
Se tiver algo condimentado prove com um shiraz / syrah.
Nesta onda de food trucks e hamburgers gourmets o vinho tambem entra.
Hamburgers classicos de carne bovina pedem um tinto de media estrutura.Se for grelhado, va de um malbec ou shiraz.
Pratos agridoces,vinhos ou espumantes demi-sec ou suaves,um riesling demi-sec alemão…

O vinho é presença obrigatoria nos melhores botecos e restaurantes.Na verdade,o que falta é um pouco mais da cultura do vinho, seja dos proprietarios ,seja dos frequentadores.
Mas ha os classicos que devemos respeitar.Uma feijoada? Não vou numa feijoada sem caipirinha.Daí acho ideal o conjunto “caipirinha e cerveja”.E caipirinha com a nossa legitima cachaça.Mas um belo tinto tannat pode ir bem, alguns defendem até um espumante extra brut .
Um Big Mac?Coca-cola.Pao de queijo ,uma cuca? Um belo cafe .

No geral, o preparo e o tipo de molho é que comandam a estrutura do prato.No vapor,por exemplo, os pratos tendem a ser mais leves e nos longos cozidos,mais densos e encorpados.
Assim,o vinho tem de acompanhar a mesma estrutura da comida,os dois terem o mesmo peso.
Mas,sobretudo,falar a mesma lingua do ambiente, cuja palavra chave é…descontração.

escrito por Aldo Cadorin, sommelier ABB-PR/Brasil,Fisar/Italia e WSET/nivel 2.